quarta-feira, 3 de maio de 2017

Pedagogia da auto



"Não há docência sem discência
Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. A formação do educador deve ser permanente,logo não há docência sem discência. Quem ensina também aprende ao ensinar. Neste contexto, o educador e o educando faz parte do mesmo processo. Enfim, quando vivemos a autenticidade exigida pela pratica, participamos de uma experiencia única."



Paulo Freire



Baixe o livro AQUI

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sites de pesquisas para o enem



Disponibilizamos nesta página algumas sugestões de outros sites que também servirão como ajuda para a estudar para o ENEM.

1 - soexercicios.com.br/

2 - www.universia.com.br/

3 - www.descomplica.com.br/ENEM

4 -galeria.fabricadeaplicativos.com.br/ligadonoenem#gsc.tab=0


5 - http://enem2017.biz/conteudo-do-enem-2017/

6 - http://www.enem2017.com/enem-2017-o-que-estudar-para-o-exame.html


VÍDEOS

https://www.youtube.com/watch?v=HAFhciP7TjY

OBRIGADO PELA VISITA! Prof. Carlos André




sexta-feira, 21 de março de 2014

Causos de Godô

Causos do  Godô.


         Este Cordel é uma homenagem a um ilustre personagem do Município de Amontada: Alfredo Ferreira Filho, conhecido entre os amontadenses como "Godó". 

            Muito bem humorado, fazia graça de tudo e de todos. Um humor inofensivo, nato de um cearense, que apesar das agruras, sabia levar a vida com humor sem fazer mal a ninguém.

          Godô não está mais entre nós, mas suas histórias ou causos, como queiram, ficaram na memória de muita gente e, na minha, especialmente, porque as ouvia muitas vezes ao pé de um montulho de feijão a desbulhar nos meus tempos de criança.

           Sua sobrinha foi minha primeira professora, a "Tia Bebel", e este cordel também é, para mim, uma forma de homenageá-la.



Na minha terra querida
Muitos fincaram o pé
De Lurdes, Jeca Tatu
Zé Carnaúba até
Ò! Até gente famosa
De história gloriosa
Como Luíza Tomé.

Gente de história simples
Também mostra seu valor
Alfredo Ferreira Filho
Conhecido como Godô
Era um sujeito bacana
Gostava muito de “cana”
Mas um mestre em humor.

É dele que eu vos falo
E vou homenagear
Nos versos dessa arte
Eu vou vos tentar mostrar
As histórias engraçadas
Vividas, tão bem contadas
Por Godô de admirar.

Numa de suas viagens
A sua terra querida
Encontrou uma senhora
Com sua filha caída
À senhora perguntou
E a ele logo falou:
- Não é que foi comida!

E Godô se espantou
Naquele pau-de-arara
- Num diga minha senhora!
E de quem foi essa tara?
Oh! Minha Virgem Maria!
E a vossa senhoria
Sabe quem foi o cara?

A menina ali caída
Ia a um hospital
Sua mãe ia ver
Consultar doença tal
Godô tinha entendido
Mas pra não passar batido
Se fez que entendeu Mal.

Godô foi à Coelce
Foi chamar a atenção
É que lá no Carcará
Havia reclamação:
- É, um poste lá caiu!
O rapaz se dirigiu
E teve decepção.

Não tinha poste caído
Pior, nem reclamação
Era um senhor caído
Conhecido como “Ribão”
Tava cheio da manguaça
Tinha tomado cachaça
Tava caído no chão.

Ribamar era seu nome
Mas chamava atenção
Era um senhor bem alto
Por isso, nome “Ribão”
E Godô por sua vez
Não dispensava freguês
Dum causo brincalhão.

Altas horas da matina
E Godô meio melado
Lá na casa do sobrinho
Já na calçada sentado
Gritava bem alto: - Zé!
Óh meu prefeito José!
Acode teu tio coitado.

E de saudosa memória
José Abilho então
Respondendo lá de dentro:
- Quem grita no meu portão?
- Me atenda, por favor.
Sobrinho, sou eu, Godô!
Me faça um favorzão.
- Pois pode dizer meu tio.
Pois ouço com atenção.
- Pois você sendo prefeito
Lhe é de obrigação
Não é limpar a cidade?
Tirar “lixo” de verdade?
Pois me deixe em casa, então!

Paus Branco era lugar
De muita animação
Muitas moças recatadas
E dançar podia não
Mas Godô tava por lá
Doidinho pra dançar
Não tinha aceitação.

E chamou duas e três
Mas ninguém a aceitar
Era ele um estranho
Tinha que ser do lugar
- Não importa se for manco
- Tem que ser do Paus Branco
Diziam elas por lá.

E sendo daquele jeito
Godô tinha que aprontar
Pintou ele seu “negócio”
Que era pra disfarçar
E saindo do seu banco
Mostrando que tava branco
As convidou pra dançar.

Além das brincadeiras
Fazia muito favor
Fazia porque gostava
Mas brincava sim, senhor
Ele tinha um sangue forte
É que em tudo tinha sorte
Afinal era o Godô.

Lhe mandaram fazer compra
Dumas coisas que faltava
Mas não levava dinheiro
E fiado não gostava
Mas foi mesmo assim
Achando um pouco ruim
Jeito de brincar achava.

Chegando lá na bodega
Algumas coisas comprou
Café, papel higiênico
Só o café anotou!
O dono sem afronta:
- E o papel é pra conta?
- Não, pra na bunda passar.

Tinha um certo senhor
Homem de meia idade
E tinha um queixo grande
Conhecido na cidade
Com ele Godô brincou
Claro que não dispensou
Uma oportunidade.

E chamou aquele homem
De maneira engraçada
-Posso dizer uma coisa?
De posição afastada
- É que eu só quero dizer
Ó, me dá pra eu fazer
De teu queixo uma enxada.

O que é bom dura pouco
Pois nos vence a idade
Nosso ilustre Godô
Se foi pra eternidade
A alegria que plantou
Em muitas mentes ficou
Lembrança e a saudade.

Nessa arte resolvi
Alguns dos causos contar
Quero que onde esteja
Em plena paz possa estar
Na terra onde viveu
Até quem não conheceu
De Godô ouviu falar.

Carlos André de Oliveira - Autor do Cordel

quinta-feira, 20 de março de 2014

Dicionário Cearês

Dicionário Cearês

Dialeto falado pelo povo mais inteligente do Brasil. Não é pela cabeça grande e achatada não. É que são inteligentes mesmo. Por isso, antes de você ir ao Ceará, você deve aprender a falar a língua local. Abaixo está uma série de palavras e seus significados, que são usadas desde a "mundiça" até o que "só quer ser as pregas".


Pense! Ô povo vei sabido da porra! 


ABESTADO - Otário.
ABIROBADO - Maluco.
ABUFELAR - Agredir. Executar o ato sexual.
ACUMA? - Ver "CUMA".
ACUNHAR - Chegar junto.
AÍ DENTO - Resposta a qualquer provocação.
ALFININ - Espécie de rapadura.
APRAGATA - Sandália de couro.
AMANCEBADO - Amigado, aquele que vive maritalmente com outra.
AMARELO QUEIMADO - Cor laranja.
ANDE TONHA! - Expressão popular que indica o ato sexual.
APETRECHADA - Dotada de beleza física.
ARIADO - Desnorteado, perdido.
ARRE ÉGUA! - Interjeição. (alegria, irritação...).
ARRUDIAR - Dar a volta.
ASSANHADO - Despenteado.
ÁS DE COPAS - Ânus.
AVALIE - Imagine.
AVEXADO - Apressado. Ver "VEXADO".
BÃE DE CUIA - No jogo de futebol, corresponde ao lençol.
BAITOLA - Gay. (A palavra tem origem na
 construção da primeira estrada de ferro do
Ceará. O chefe da obra era um engenheiro inglês, 
com um jeito afeminado, que repetia "atenção
para a baitola" se referindo a bitola -- distância 
entre os trilhos).
BAIXA DA ÉGUA - Lugar distante.
BALDEAR - Perturbar, desorganizar.
BANZO - Quando se tem nada para fazer.
BATER O CATOLÉ - Morrer.
BATER FOFO - Não cumprir um compromisso. Ver "XEXÊRO".
BATORÉ - Baixinho.
BEZERRO - Diz-se da mulher que contrai a vagina,
semelhante a um bezerro mamando.
BILA - Bola de gude.
BILOTO - Botão.
 - Vamos embora. Usa-se muito "Ei mã, bó!", que é "Ei macho, bora!".
BOCA QUENTE - Lugar perigoso.
BOGA - Ânus.
BOTAR BUNECO - Encher o saco ou pôr
dificuldade pra fazer alguma coisa, dependendo
da ocasião. Ex.: "Ele bebeu muito e ficou
botando boneco." / "Ele tá botando boneco pra ir 
a praia. (ver "BUNEQUEIRO")."
BREADO - Melado, sujo.
BREGUEÇO - Coisa velha.
BRENHA - Lugar longe, de difícil acesso.
BRIBA - Pequena lagartixa.
BRUGUELO - Criança pequena.
BULIDA - Mulher que perdeu a virgindade.
BULINAR - Mexer na mulher com segundas intenções.
BUNEQUEIRO - Quem bota boneco (ver "BOTAR BUNECO").
BURRINHO - Garrafa de refrigerante cheia de cachaça.
CABEÇA DE MUCUIM - Homem da cabeça pequena
CAGADO - Sortudo.
CAMBITO - Perna fina.
CANELAU - Gente pobre, plebe rude.
CÃO CHUPANDO MANGA - Pessoa feia, horrível!
CAPAR O GATO - Ir embora.
CATREVAGE - Coisa velha.
CEROTO - Sujeira preta na pele devido a falta de banho.
CHABOQUE - Tampo. "Chico deu uma topada que tirou o chaboque do dedo".
CHAPA - Radiografia, dentadura.
CHAPÉU DE TOURO - Chifre.
CHEI DOS PAU - Bêbado.
CHULIPA - Tapa na orelha com um dedo no sentido vertical.
COMÉDIA - Programa divertido, coisa engraçada.
"Hoje nos vamos pras comédias".
CORRA - Coisa.
CÔRRALINDA - Coisa linda, pessoa bonita.
CORRER FROUXO - Ter em abundância. "Ali o dinheiro corre frouxo".
COURO DE PICA - Algo que vai e volta. "Esse namoro é que nem couro de pica".
CRUZETA - Cabide para camisas e calcas.
CUMA? - Como? Ver "ACUMA?".
CUMELÃO - Garanhão.
CUMBUCA - Depósito tipo "tapaué".
CUSTAR - Demorar. "O ônibus está custando muito".
DAR O GRAU - Caprichar. "Pode deixar que vou dar o grau no
seu carro"
DAR O MAIOR 10 - Gostar muito.
DAR O PREGO - Enguiçar.
DIABEISSO?! - Que diabo é isso? Expressão de espanto.
ENCARNADO - Cor vermelha.
EMPAZINADO - Que comeu alem da conta.
EMPATA FODA - Chato que fica atrapalhando o namoro do casal.
EMPRIQUITAR - Cismar, não aceitar.
ENGABELAR - Enganar, iludir.
ENGOMAR - Passar roupa.
ERRADO - Desordeiro, arruaceiro.
ESTRIBADO - Cheio da grana.
FAZER HORA - Fazer gozação.
FAZER MAL - Desvirginar. "Ele fez mal a moça".
FAZER SABÃO - Sexo entre lésbicas.
FAZER TERRA - Quando a mulher mete o dedo no
fiofó do homem durante o ato sexual.
FECHICLÉ - Zíper.
FOI MAL - Perdão.
FRESCAR - Fazer uma brincadeira. "Se zanga não, to só frescando".
FULERAGE - Coisa sem valor ou MACHO RÉI.

FUMANDO NUMA QUENGA - Com muita raiva.
GALA - Esperma.
GALALAU - Homem alto.
GASGUITA - Pessoa com voz esganiçada.
GASTURA - Mal estar.
GATO RÉI - Prostituta.
GIGOLETE - Passadeira, diadema, arco de cabeça.
GUARIBADA - Dar uma caprichada.
INGEMBRADO - Torto.
INHACA - Mal cheiro do sovaco.
ISPILICUTE - Do inglês "She's pretty cute". Engraçadinha.
ISPRITADO - Enfurecido.
LERIADO - Conversa fiada.
LISO - A pior ofensa para um cearense. É muito mais
que uma pessoa sem dinheiro. O liso está para o
cearense assim como o "loser" está para o
americano.
LUNGA - Seu Lunga é um homem que mora numa 
cidade situada no interior do Ceará que é conhecido por
ser muito grosseiro.
MÁ ou Mà- Ver "MACHO".
MACHO ou MACHO RÉI - Cara, amigo. "Olá macho réi!"
MAGOTE - Bando, grupo.
MALAMANHADO - Mal vestido, desajeitado.
MAUDAR - Interpretar no mau sentido.
MANGAR - Ridicularizar. "Ele tá mangano de mim"
MANJUBA - Pênis grande.
MARMOTA - Coisa estranha.
MACAÚBA - Ver "TIRA A MACAÚBA DA BOCA!".
MEIOTA ou MEOTA - Meia garrafa de cachaça.
MELADO - Bêbado.
MEROL - Bebida.
MEUZOVO - Expressão de discórdia, "uma ova". "Juca é
um político honesto -- Honesto meuzovo!"
MININO RÉI AMARELO - Criança chata.
MININO (RÉI) DO BUCHÃO (AMARELO) - Ver "MININO RÉI AMARELO".
MIOLO DE POTE - Coisa sem importância.
MÓI - Grande quantidade, vem de mol. Pode
significar também corno. Ver "MÓI DE CHIFRE".
MÓI DE CHIFRE (ou CHÍFI) - Corno.
MUNDIÇA - Gente pobre, plebe rude.
NUM FRESQUE NÃO! - Pare com essa brincadeira!
OBRAR - Defecar.
ÔI DA GOIABA - Ânus.
PAI D'ÉGUA - Porreta, legal, bacana.
PÃO SOVADO - Pão de massa fina.
PAPEIRA - Caxumba.
PAPEIRO - Ânus, bunda.
PASTORAR - Vigiar.
PÉ DE PAU - Árvore.
PÉ DE PLANTA - Arbusto.
PEBA - De má qualidade.
PEDIR PENICO - Desistir.
PEGÁ O BECO - Ir embora.
PENSO - Torto.
PIMBADA - Trepada.
PITEL (SÓ O PITEL) - Algo muito bom. "A festa foi só o pitel!".
PREGAS - Ver. "SÓ QUER SER AS PREGAS!".
PRIQUITO - Vagina.
QUEIMA! - Ver "QUEIMA RAPARIGAL!"
QUEIMA RAPARIGAL! (ou QUEIMA QUENGARAL) - Grito de
guerra, incentivo para as meninas agitarem.
QUEIXAR (QUEXÁ) - Cantar uma pessoa. "Vai lá quexá a minina!"
QUEIXUDO - Aquele que queixa. (Ver QUEIXAR)
RACHA - Pelada, jogo de futebol.
RACHADA - Forma com que os baitolas se 
referem as mulheres, com uma boa dose de despeito.
RATA - Gafe.
REBOLAR NO MATO - Jogar no lixo, atirar.
REMELA - Secreção ocular.
RESPEITE! - Expressão usada quando uma coisa é 
muito boa. "Respeite a festa de ontem!"
RUMA - Grande quantidade.
SALSEIRO - Confusão.
SEM FUTURO - Mau negócio, pessoa de má companhia.
SEU LUNGA - Ver LUNGA.
SIBITE BALEADO - Pessoa miúda ("sibite" é um pequeno pássaro).
SÓ O BURACO E A CATINGA - Pessoa 
dismilinguida. "Ele pegou uma gripe tão forte que
 ficou só o buraco e a catinga."
SÓ O MIE (DISBUIADO) - "Mie" lê-se "mí". Diz-
se de alguma coisa muito boa. "O forró tava só o mie
(disbuiado)!"
SÓ OS QUEIXO - Diz-se do que está 
velho, acabado. "Aquele omi tá só os quêxo!"
SÓ QUER SER AS PREGAS! - Diz-se da pessoa que quer se parecer importante.
SUSTANÇA - Energia dos alimentos. "Rapadura tem sustança".
TEM É ZÉ - É muito difícil. "Tu ganhar de mim no
 dominó? Tem é zé!"
TIRA A MACAÚBA DA BOCA! - Quando alguém
 fala de forma ininteligível vc diz isso para ela.
TRISCAR - Tocar.
TU LÁ CHUPA NADA! - Você não é de nada!
ÚLTIMO TIRO NA MACACA - Diz-se de uma
 mulher que completou 30 anos e não casou.
VARAPAU -Homem alto.
VERMINOSO - Fominha.
VEXADO - Ver "AVEXADO".
VISAGE - Fantasma, aparição.
VIXE! ou VIXE MARIA! - Virgem Maria.
XEXÊRO - Aquele que falta aos compromissos. Ver "XÊXO".
XÊXO - Dar o xêxo é faltar ao compromisso.
ZUADENTO - Barulhento.
ZAMBETA Cambota.

Gramática do Cearês

Fonologia:


As vogais devem ser abertas e em algumas palavras o "V" é trocado pelo "R", como em "tu RAI pra onde?". NÃO se fala "TI" ou "DI", como em Pernambuco, mas sim "Tchi" e "Dji", com exceção do extremo sul do estado.




Negação

É muito comum usar a negação a posteriori. Exemplos: "Sabe onde fica o Mucuripe? Sei não", "Tens um fósforo? Tenho não".

Contrações

Muitas expressões surgem da contração de palavras. "Tadim", por exemplo, é uma delas. Contração de "Coitadinho" ou "Coitadinha". O jeito de falar do Cearense, que "engole" as últimas letras das palavras, acaba formando este tipo de contração.

Outro exemplo: 

"Bó!". Neste caso há uma regressão da expressão original. Veja:
  1. Está na hora de irmos embora! (Expressão original)
  2. Vamos Embora!
  3. Vambora!
  4. Humbora! (chegando no Nordeste)
  5. Humbó!
  6. Bora!
  7. Bó! (muito usada no cearês)
 Nota: Há até quem prefira não falar. Acena apenas com os olhos!

Junção


Corte várias palavras, junte-as e aparecerá uma nova.
Exemplos:
"Diabeisso?", resultado de contrair e juntar "Que diabos é isso?"
"Cumequié?", originalmente "Como é que é?"




sexta-feira, 14 de março de 2014

Agradecimentos!

Caro Amigos! 


Quero aqui agradecer a todos que nos ajudaram a chegar, em pouco tempo, a mais de 20.000 acessos. O profcarlosandre.com foi feito pensando em cooperar de alguma forma com professores, alunos ou a qualquer que se interessar por algum tipo de conhecimento. 

Estarei trazendo alguma coisa que possa ajudá-los em seus estudos.

E se você tem alguma sugestão de conteúdo ou atividade, entre em contato conosco que teremos o maior prazer em atendê-lo!


Professor Carlos André.

A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU

A CHEGADA DE LAMPIÃO NO CÉU
 Autor: Guaipuan Vieira



Foi numa Semana Santa
Tava o céu em oração
São Pedro estava na porta
Refazendo anotação
Daqueles santos faltosos
Quando chegou Lampião.

Pedro pulou da cadeira
Do susto que recebeu
Puxou as cordas do sino
Bem forte nele bateu
Uma legião de santos
Ao seu lado apareceu.

São Jorge chegou na frente
Com sua lança afiada
Lampião baixou os óculos
Vendo aquilo deu risada
Pedro disse: Jorge expulse
Ele da santa morada..

E tocou Jorge a corneta
Chamando sua guarnição
Numa corrente de força
Cada santo em oração
Pra que o santo Pai Celeste
Não ouvisse a confusão.

O pilotão apressado
Ligeiro marcou presença
Pedro disse a Lampião:
Eu lhe peço com licença
Saia já da porta santa
Ou haverá desavença.

Lampião lhe respondeu:
Mas que santo é o senhor?
Não aprendeu com Jesus
Excluir ódio e rancor?...
Trago paz nesta missão
Não precisa ter temor.

 Disse Pedro isso é blasfêmia
É bastante astucioso
Pistoleiro e cangaceiro
Esse povo é impiedoso
Não ganharão o perdão
Do santo Pai Poderoso

Inda mais tem sua má fama
Vez por outra comentada
Quando há um julgamento
Duma alma tão penada
Porque fora violenta
Em sua vida é baseada.


- Sei que sou um pecador
O meu erro reconheço
Mas eu vivo injustiçado
Um julgamento eu mereço
Pra sanar as injustiças
Que só me causam tropeço. 

Mas isso não faz sentido
Falou São Pedro irritado
Por uma tribuna livre
Você aqui foi julgado
E o nosso Onipotente
Deu seu caso encerrado.

- Como fazem julgamento
Sem o réu estar presente?
Sem ouvir sua defesa?
Isso é muito deprimente
Você Pedro está mentindo
Disso nunca esteve ausente.

Sobre o batente da porta
Pedro bateu seu cajado
De raiva deu um suspiro
E falou muito exaltado:
Te excomungo Virgulino
Cangaceiro endiabrado.

Houve um grande rebuliço
Naquele exato momento
São Jorge e seus guerreiros
Cada qual mais violento
Gritaram pega o jagunço
Ele aqui não tem talento.

Lampião vendo o afronto
Naquela santa morada
Disse: Deus não está sabendo
Do que há na santarada
Bateu mão no velho rifle
Deu pra cima uma rajada.

O pipocado de bala
Vomitado pelo cano
Clareou toda a fachada
Do reino do Soberano
A guarnição assombrada
Fez Pedro mudar de plano.

Em um quarto bem acústico
Nosso Senhor repousava
O silêncio era profundo
Que nada estranho notava
Sem dúvida o Pai Celeste
Um cansaço demonstrava.


Pedro já desesperado
Ligeiro chamou São João
Lhe disse sobressaltado:
Vá chamar Cícero Romão
Pra acalmar seu afilhado
Que só causa confusão.

Resmungando bem baixinho
Pra raiva poder conter
Falou para Santo Antônio:
Não posso compreender
Este padre não é santo
O que aqui veio fazer?!

Disse Antônio: fale baixo
De José é convidado
Ele aqui ganhou adeptos
Por ser um padre adorado
No Nordeste brasileiro
Onde é “santificado”.

Padre Cícero experiente
Recolheu-se ao aposento
Fingindo não saber nada
Um plano traçava atento
Pra salvar seu afilhado
Daquele acontecimento.

Logo João bateu na porta
Lhe transmitindo o recado
Cícero disse: vá na frente
Fique despreocupado
Diga a Pedro que se acalme
Isso já será sanado.

Alguns minutos o padre
Com uma Bíblia na mão
Ao ver Pedro lhe indagou:
O que há para aflição?
Quem lá fora tenta entrar
E também um ser cristão,

São Pedro disse: absurdo
Que terminou de falar
Mas Cícero foi taxativo:
Vim a confusão sanar
Só escute o réu primeiro
Antes de você julgar.

Não precisa ele entrar
Nesta sagrada mansão
O receba na guarita
Onde fica a guarnição
Com certeza há muitos anos
Nos busca aproximação.


Vou abrir esta exceção
Falou Pedro insatisfeito
O nosso reino sagrado
Merece muito respeito
Virou-se para São Paulo:
Vá buscar este sujeito.

Lampião tirou o chapéu
Descalço também ficou
Avistando o seu padrinho
Aos seus pés se ajoelhou
O encontro foi marcante
De emoção Pedro chorou

Ao ver Pedro transformado
Levantou-se e foi dizendo:
Sou um homem injustiçado
E por isso estou sofrendo
Circula em torno de mim
Só mesmo o lado ruim
Como herói não estão me vendo.

Sou o Capitão Virgulino
Guerrilheiro do sertão
Defendi o nordestino
Da mais terrível aflição
Por culpa duma polícia
Que promovia malícia

Extorquindo o cidadão.
Por um cruel fazendeiro
Foi meu pai assassinado
Tomaram dele o dinheiro
De duro serviço honrado
Ao vingar a sua morte
O destino em má sorte
Da “lei” me fez um soldado.

Mas o que devo a visita
Pedro fez indagação
Lampião sem bater vista:
Vê padim Ciço Romão
Pra antes do ano novo
Mandar chuva pro meu povo
Você só manda trovão

Pedro disse: é malcriado
Nem o diabo lhe aceitou
Saia já seu excomungado
Sua hora já esgotou
Volte lá pro seu Nordeste
Que só o cabra da peste
Com você se acostumou.

- FIM -