A ideia da existência do dia
Internacional da Mulher surge na virada do século XX, no contexto da Segunda
Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, quando ocorre a incorporação
da mão-de-obra feminina, em massa, na indústria. As condições de trabalho,
frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por
parte dos trabalhadores. Muitas manifestações ocorreram nos anos seguintes, em
várias partes do mundo, destacando-se Nova Iorque, Berlim, Viena (1911) e São
Petersburgo (1913).
O primeiro Dia Internacional
da Mulher foi celebrado em 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por
iniciativa do Partido Socialista da América, em memória do protesto contra as
más condições de trabalho das operárias da indústria do vestuário de Nova York.
Em 1910, ocorreu a primeira
conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela
Internacional Socialista, quando foi aprovada proposta da socialista alemã
Clara Zetkin, de instituição de um dia internacional da Mulher, embora nenhuma data
tivesse sido especificada.
No ano seguinte, o Dia
Internacional da Mulher foi celebrado a 19 de março, por mais de um milhão de
pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.
Poucos dias depois, a 25 de
março de 1911, um incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist mataria 146
trabalhadores - a maioria costureiras. O número elevado de mortes foi atribuído
às más condições de segurança do edifício. Este foi considerado como o pior
incêndio da história de Nova Iorque, até 11 de setembro de 2001. Para Eva Blay,
é provável que a morte das trabalhadoras da Triangle se tenha incorporado ao
imaginário coletivo, de modo que esse episódio é, com frequência, erroneamente
considerado como a origem do Dia Internacional da Mulher.
Em 1915, Alexandra Kollontai
organizou uma reunião em Christiania (atual Oslo), contra a guerra. Nesse mesmo
ano, Clara Zetkin faz uma conferência sobre a mulher.
Na Rússia, as comemorações do
Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução russa de 1917. Em 8 de
março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), a greve das operárias
da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a
participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos
que resultaram na Revolução de Fevereiro. Leon Trotsky assim registrou o
evento: “Em 23 de fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam
planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as
operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas
para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de
massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a
revolução”.
Berlim Oriental, Unter den Linden, (1951). Retratos
de líderes da Internationalen Demokratischen Frauen-Föderation (IDFF), na 41ª
edição do Dia Internacional da Mulher. Após a Revolução de Outubro, a
feminista bolchevique Alexandra Kollontai persuadiu Lenin para torná-lo um dia
oficial que, durante o período soviético, permaneceu como celebração da
"heróica mulher trabalhadora". No entanto, o feriado rapidamente
perderia a vertente política e tornar-se-ia uma ocasião em que os homens
manifestavam simpatia ou amor pelas mulheres - uma mistura das festas
ocidentais do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, com ofertas de prendas e
flores, pelos homens às mulheres. O dia permanece como feriado oficial na
Rússia, bem como na Bielorrússia, Macedónia, Moldávia e Ucrânia.
Na Tchecoslováquia, quando o
país integrava o Bloco Soviético (1948 - 1989), a celebração era apoiada pelo
Partido Comunista. O MDŽ (Mezinárodní den žen, "Dia Internacional da
Mulher" em checo) era então usado como instrumento de propaganda do
partido, visando convencer as mulheres de que considerava as necessidades
femininas ao formular políticas sociais. A celebração ritualística do partido
no Dia Internacional da Mulher tornou-se estereotipada. A cada dia 8 de março,
as mulheres ganhavam uma flor ou um presentinho do chefe. A data foi
gradualmente ganhando um caráter de paródia e acabou sendo ridicularizada até
mesmo no cinema e na televisão. Assim, o propósito original da celebração
perdeu-se completamente. Após o colapso da União Soviética, o MDŽ foi
rapidamente abandonado como mais um símbolo do antigo regime.
No Ocidente, o Dia
Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920.
Posteriormente, a data caiu no esquecimento e só foi recuperada pelo movimento
feminista, já na década de 1960, sendo, afinal, adotado pelas Nações Unidas, em
1977.
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